O Oráculo de Bacon
- Luiz Carlos Famadas Jr
- 13 de jun. de 2017
- 3 min de leitura

Imagine aquela personalidade que você idolatra.
Pense quão distante você está dela.
E se eu te disser que entre você e seu ídolo existem no máximo 5 pessoas?
Eu explico melhor: Vamos supor que você adore o cantor Elton John. O que estou lhe afirmando é que você conhece alguma pessoa, que conhece outra pessoa, que conhece outra pessoa, que conhece outra pessoa, que conhece outra pessoa, que conhece o Elton John. E esse é o número máximo de pessoas envolvidas. A distância entre você e o Elton John pode ser menor... de 3 ou até 2 pessoas.
Resumindo: Entre quaisquer duas pessoas escolhidas aleatoriamente no mundo, existem no máximo 6 graus de separação; ou 5 pessoas.
Isso não é chute nem teoria da conspiração. São estudos científicos.
Teoria dos 6 Graus de Separação
A Teoria dos 6 Graus de Separação foi desenvolvida nos EUA no ano de 1967 pelo sociólogo Stanley Milgram. Ele pegou 300 pessoas escolhidas aleatoriamente em diferentes localidades. Para cada pessoa entregou uma carta. Todas as 300 cartas eram destinadas a uma única pessoa: Um corretor da Bolsa de Valores de Boston. Cada uma das 300 cobaias deveria entregar sua carta para um conhecido que pudesse ter acesso a pessoas próximas ao destinatário. Esse conhecido faria o mesmo, até que a carta chegasse ao destinatário final.
Todas as cartas passaram por no máximo 5 pessoas antes de alcançar o destinatário, perfazendo assim seis graus de separação. Só tinha um problema... das 300 cartas enviadas, apenas 9 chegaram ao destino. Nas décadas seguintes, a teoria foi bastante questionada.
A Era da Internet
Em 2001, um outro sociólogo - Duncan Watts - resolveu recriar o mesmo experimento através da internet. Ele enviou um e-mail para 24.163 pessoas em 157 diferentes países. Cada uma dessas pessoas deveria atingir alguém específico. Mas dessa vez não seria um único destinatário como no experimento dos anos 60. Seriam 24.163 diferentes destinatários. Ou seja, 1 para cada remetente.
O método seria o mesmo do experimento anterior: A pessoa enviaria o e-mail para alguém geograficamente mais próximo do destinatário e assim por diante. Apenas 384 e-mails (1,6%) alcançaram seus destinatários, com uma média de 6 graus de separação.
Nos dois experimentos, os pesquisadores concluíram que as mensagens que pararam no meio do caminho não ficaram perdidas passando eternamente de pessoa em pessoa. Na verdade o ciclo foi interrompido por desinteresse de alguém no meio do caminho. E essa informação é fundamental para a conclusão das pesquisas.
E mais: Se apenas uma pessoa na linha dos 6 graus não estiver disposta a te apresentar para uma celebridade, por exemplo, você não vai conhecê-la.
Em 2006 foi a vez da Microsoft mergulhar de cabeça nesse experimento. Utilizando o software Messenger, estudaram mais de 30 bilhões de conversas entre 180 milhões de usuários espalhados por todo o planeta. Isso correspondia, na época, à metade de todo o tráfego de mensagens instantâneas do mundo!
E aí veio o resultado mais preciso de todos: Duas pessoas - em qualquer parte do planeta - estão separadas em média por 6,1 graus. São em média 5 conhecidos ligando as duas.
Aí chegou o Facebook
Mark Zuckerberg não poderia ficar fora dessa. O empresário resolveu utilizar sua rede social para o mesmo experimento. Toda a base de dados foi minuciosamente analisada e concluíram: Cada pessoa no mundo está ligada a todas as outras pessoas por uma média de apenas 3,5 graus de separação! Uau!!!
Mas não se empolgue...
Você não está tão pertinho assim da Lady Gaga ou do George Clooney. O Facebook é uma rede social que conecta pessoas com interesses semelhantes e uma relativa proximidade geográfica. E a maioria já se conhecia pessoalmente antes. Realmente, costumamos ter em nosso Facebook parentes, amigos, colegas de trabalho etc. Portanto esse resultado de 3,5 graus parece ser otimista demais. Esse estudo do experiente Zuckerberg está furado. E aí voltamos para nossa realidade mais provável dos 6 graus de separação.
E o Oráculo de Bacon?
A essa altura do campeonato, você deve estar se perguntando sobre o tal Bacon do título do artigo. Certamente não é aquele que você come no almoço.
Um cientista da computação da Universidade de Virgínia, Brett Tjaden, criou um site na internet chamado Oráculo de Bacon (The Oracle of Bacon). A proposta é provar que o ator Kevin Bacon (ídolo do pesquisador) estaria próximo de qualquer artista do mundo, incluindo brasileiros, por até 6 graus de separação. E não é que o treco funciona? Pode digitar Tarcísio Meira, Fernanda Montenegro ou Rodrigo Santoro... é batata! Todos estão ligados ao Bacon com menos de 6 graus de separação.
Batata... Bacon... Huuuummm... Melhor eu ir terminando por aqui. Pelo menos a minha geladeira não está a tantos graus de distância assim.
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